Hoje é o Dia Mundial de Combate a AIDS. Muito já se falou sobre essa doença, vários irmãos desencarnaram por serem portadores do HIV, o vírus da AIDS. Considerada um dos grandes males da Humanidade, a AIDS trouxe para o planeta questões polêmicas referentes à sexualidade, drogas, promiscuidade, preconceito e muitos outros temas que giram em torno da doença. E nós, Espiritualistas? O que pensamos sobre o HIV e a AIDS? O que sabemos? O que os espíritos podem nos auxiliar acerca da doença, da prevenção, do combate?
O texto a seguir foi escrito pelo Doutor Andrei Moreira, médico homeopata e Presidente da Associação Médico-Espírita de Minas Gerais:
Na visão espírita, o ser humano é entendido sob o prisma da imortalidade da alma, como um ser eterno, filho de Deus, que marcha rumo ao progresso e à felicidade exercendo a liberdade relativa dada por Deus aos seus filhos. Nesse processo, passa pelas múltiplas vidas sucessivas, ou reencarnação, guiado pelas leis de justiça e misericórdia, ambas derivações da lei do amor, que regulam o equilíbrio da criação. Toda vez que o exercício da liberdade humana fere a lei do amor, o ser entra em desequilíbrio consigo mesmo e com o universo; e quando insiste em seu comportamento, confirmando tendências e hábitos; e muitas vezes construindo vícios na alma aciona mecanismos automáticos e naturais de reequilíbrio e re-harmonização perante a lei divina, que está inscrita na sua consciência.
Nessa visão, as doenças se manifestam como resultado do posicionamento do ser no mundo, de acordo com seu pensar, falar e agir, posicionamento este reafirmado ao longo do tempo, das vidas sucessivas, e muitas vezes cristalizado em atitudes de desamor e desconsideração aos sentimentos superiores do amor, respeito, consideração, etc. A doença se apresenta como um convite, um chamado da alma, manifestando seu momento evolutivo, seus conflitos, seu estado mental e emocional, bem como suas necessidades espirituais.
Ao reencarnar, o espírito escolhe o gênero de suas provas e, por meio da análise do seu presente estado, derivado de seu passado espiritual, sabe de suas tendências e predisposições, escolhendo as provas que lhe sirvam como fonte de progresso e expiação das faltas cometidas, visando pacificar a consciência e manifestar saúde total, do corpo e da alma.
André Luiz nos orienta que as doenças infecto-contagiosas se estabelecem sobre zonas de predisposição mórbida que existam no psiquismo e no corpo espiritual, como conseqüência natural da ressonância magnética e da necessidade de reequilíbrio do ser imortal. A infecção pelo HIV é uma circunstância atraída pelo indivíduo para sua vida por variados motivos, que devem sempre ser individualizados, mas que, em linha gerais, podemos dizer que oportuniza o desenvolvimento do auto-amor, do auto-cuidado, da individuação, o estabelecimento de limites e, sobretudo, a reeducação sexual e afetiva profundas, quando este aproveita a condição para seu despertamento espiritual.
André Luiz também nos esclarece que “muito raramente não estão as doenças diretamente relacionadas ao psiquismo. Todos os órgãos são subordinados à ascendência moral.” O padrão mental e emocional do portador do vírus, bem como as mudanças que faça para tornar-se mais amoroso consigo mesmo e com o próximo, mais cuidadoso com as relações afetivas e com os compromissos assumidos com outros corações, atuarão diretamente na intimidade das células e do sistema imunológico, ativando as defesas naturais do corpo e inibindo a replicação viral. Dessa forma, o HIV pode se tornar uma doença crônica controlável, assim como o diabetes ou a hipertensão arterial, não acarretando sofrimentos dispensáveis visto que o amor cumpriu seu papel educativo na vida do indivíduo.
O espírito Joseph Gleber, médico alemão do séc. XX, nos informa que “Saúde é a real conexão criatura-criador, e a doença o contrário momentâneo de tal fato”. Útil, portanto, questionar, diante da infecção pelo HIV os “por quês” e os “para quês” da experiência, extraindo da dor o amadurecimento imprescindível para extingui-la com proveito. Para tal se faz necessário uma postura permanente de auto-atenção e autoconhecimento, bem como esforço pelo domínio de si mesmo, dentro da perspectiva otimista e esperançosa que o evangelho propõe. Nessa visão não cabem culpas, pensamentos ou ações depressivas e autopunitivas, e sim coragem e ânimo renovado para vencer a cada dia, desenvolvendo o auto-amor que auxilie a despertar o amor ao próximo, como medidas de cura efetiva da alma.
A fluidoterapia, por meio dos passes e água fluidificada, bem como a renovação dos padrões da alma, são recursos medicamentosos efetivos e profundos oferecidos gratuitamente, bastando a aceitação do sujeito de suas responsabilidades e potencialidades espirituais e a decisão por melhorar-se continuamente na marcha do progresso.
A casa espírita (no nosso caso – o Terreiro de Umbanda), enquanto local sagrado de acolhimento e educação dos convidados de Jesus, deve ser o espaço de fraternidade e instrução, que abra os passos para os portadores do vírus HIV e das demais patologias, que desejem se entender sob a visão imortalista espírita, sem críticas, preconceitos ou julgamentos. O trabalho espiritualista, centrado no amor ao próximo orientado por Jesus, é o trabalho de compaixão e misericórdia, ofertando àqueles que assim desejem campo abençoado de estudo e trabalho, renovação e entendimento, para a conquista da saúde integral.
Enquanto a Ciência caminha com grandes avanços na busca pela cura da AIDS, nós Umbandistas devemos cumprir o nosso papel na sociedade. O papel de amparar aos irmãos doentes, para que também sejamos amparados pela Espiritualidade. A informação, a vigilância dos nossos atos, a reforma íntima e moral são essenciais, para prevenirmos a proliferação da doença e para cuidarmos dos irmãos portadores do HIV. A fraternidade sem limites estabelece a imunologia perfeita em nossa vida interior, fortalecendo-nos o poder da mente na auto-defesa contra todos os elementos destruidores e degradantes que nos cercam e articulando-nos as possibilidades imprescindíveis à evolução para Deus.