Exatos 10 anos se passaram desde a
fundação da Seara Espiritualista Falangeiros da Aruanda (SEFA) e, como toda
casa, a sua história passa muito pela história de seu dirigente. Por esse
motivo, hoje trazemos uma entrevista realizada pela equipe do nosso blog com o
Tupixaba e presidente da SEFA, CCT Cristiano Queiroz. Nela, ele conta um
pouquinho de sua trajetória, relembra momentos importantes dessa década à
frente do terreiro e fala dos desafios de ser um dirigente. Confira!
Na primeira reunião da SEFA em 14/04/2007 |
Acredito que a missão já tenha vindo
comigo. Todos nós, quando reencarnamos já temos nossas missões planejadas.
Digamos que eu só me dei conta dessa minha missão quando comecei a ter sonhos
com o Caboclo Sete Estrelas riscando o ponto que seria o símbolo da SEFA, já no
fim de 2006. Mas achei inicialmente que era coisa da minha cabeça. Meses depois
a coisa amadureceu e os meus próprios guias foram informando que existia um
projeto importante a ser iniciado no plano terrestre.
2) Como foi a sua trajetória religiosa
e pessoal até abrir a SEFA?
Em 2003, na antiga 6ª filial (Piedade) da Tenda Mirim |
Eu nasci numa família umbandista. Meus
avós participaram da fundação da Irmandade Espiritualista e Beneficente Mirim,
que começou como 21ª filial da Tenda Espírita Mirim. Minha mãe se desligou do
terreiro quando eu ainda era criança. Logo depois fui matriculado num colégio
católico, e acabei participando de vários movimentos da Igreja quando
adolescente. Aos 18 anos saí da igreja católica e me reencontrei com a Umbanda.
Comecei no Cantinho de Vovó Cambinda, onde tive o momento de controlar a minha
mediunidade (que na época era muito ostensiva). Na busca pelas minhas raízes na
Umbanda, ingressei no ano 2000 na Tenda Espírita Mirim. A princípio na Matriz
na Rua Marechal Rondon. Logo depois, fui para a 6ª filial, que na época
funcionava em Piedade. Em 2004, acompanhando a minha CCT Angela Toledo, me
desliguei da TEM para junto com outros irmãos participar da fundação do Círculo
dos Irmãos Espiritualistas Fé e Caridade. Foram quase três anos no Ciefec, até
que em Março de 2007 me veio a missão de abrir a Casa. Assim fizemos em 14 de
abril daquele ano. E, graças a Deus, foram 10 anos de muito aprendizado e
crescimento.
3) Como foi para você a preparação para
ser um comandante? Lembra do que fez à época para se preparar?
A preparação para ser um comandante é
contínua. Acho que se eu me achar um comandante “pronto”, eu deixo de buscar
melhorar o que ainda posso e preciso melhorar. Mas acho que a preparação veio
muito com todo o aprendizado que tive com meus dirigentes anteriores, e também
com os guias. Agradeço muito, principalmente à Cabocla Jurema e Vovó Ana do
Cruzeiro, entidades da minha antiga CCT Angela, que me ensinaram muito nessa
preparação.
4) Qual o maior desafio ao longo dessa
trajetória?
Você conduzir cerca de 90 pessoas que
vêm de origens, formações, instruções diferentes, numa única direção, seguindo
os ensinamentos de nossa Escola da Vida. Esse foi, e continuará sendo o maior
desafio.
5) E a melhor parte do processo, qual
é?
Ver as pessoas se sentindo bem a cada
trabalho realizado. Ver o sorriso no rosto de um médium, ou de um assistente. Acompanhar também o crescimento do médium dentro da nossa Escola Doutrinária.
6) Qual o maior aprendizado que os seus
guias, que comandam a Casa, te passaram nesse tempo?
Que tudo tem o momento certo para
acontecer. Mas que se a missão é sua, não há quem possa fazer por você. Basta
confiar na Espiritualidade e em você para seguir firme e com simplicidade
sempre.
7) Quando você reparou que a Casa não
ficaria apenas em sua matriz e teria a missão de abrir filiais? E Por quê?
Desde a fundação da SEFA seu Sete
Estrelas disse que a missão era levar a bandeira da Casa onde ela pudesse ser
levada. E creio que essa deva ser a função de um terreiro filiado: levar os
ensinamentos para irmãos que não conseguem ir à Matriz. Como missionários da
Umbanda, devemos levar o nosso trabalho para todos os irmãos possíveis. Com fé
nos nossos guias e com paciência e tranquilidade, mesmo nos momentos
turbulentos.
8) Pode destacar alguns acontecimentos
que te marcaram nessa trajetória?
Foram tantos. A fundação da SEFA foi um
acontecimento em si. A minha consagração de 7º grau na Irmandade Mirim também.
As Giras festivas, a nossa primeira Gira de Oxossi que foi debaixo de chuva. A
Gira em que eu recebi a visita da minha avó aqui no terreiro. As homenagens que
recebi, o meu casamento no terreiro. São tantos momentos que não vão caber em
uma entrevista.
9) Como você busca conciliar sua vida
pessoal com a de médium e, consequentemente, de dirigente?
Em homenagem recebida na Câmara do Vereadores do Rio, em 2016 |
Às vezes é difícil, porque, como
Tupixaba da SEFA, eu vivo o terreiro quase que 24 horas por dia. Às vezes estou
trabalhando e recebo mensagem de um médium que precisa falar comigo, ou de um
assistente pedindo informações. Eu cuido das questões administrativas da Matriz
e das filiais junto com a Diretoria, cuido da parte ritualística com o Conselho
de Morubixabas, preparamos material para aulas, calendário anual, incluindo
festas beneficentes e visita a outros terreiros. Mas é preciso lembrar que não
sou dirigente por profissão. Logo, preciso também trabalhar, administrar minha
casa, meus animais de estimação, meus parentes, meus amigos. No início era bem
mais difícil. Com o tempo vamos aprendendo a lidar com o fardo da função. Mas
há momentos em que eu peço um dia com mais de 24 horas...
10) O que você espera para a Casa nos
próximos 10 anos?
Espero que ela siga sempre com o
propósito para qual ela foi fundada: caridade com simplicidade, mostrando que
Umbanda é coisa séria para gente séria, como já dizia nosso Mestre Caboclo
Mirim. Tudo que conquistamos hoje é fruto daquilo que plantamos ao longo dessa
década. Continuemos focados em estudar, trabalhar e crescer que o resultado
positivo é certo.
11) Pra você, o que é preciso para ser
um Falangeiro da Aruanda?
Amor acima de tudo. Amor pela Umbanda, pela nossa Casa, pela nossa Escola da Vida, pelo irmão de corrente, pelo irmão de fé que nos visita. Dedicação, estudo, força de vontade e entendimento de que a corrente para se manter, assim como a casa, precisa de todos do Comandante ao Iniciante.
Vergonhoso isso... casamento dentro de um terreiro com dois homens. Isso nao é Umbanda.
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