No dia em que o povo brasileiro
celebra mais um aniversário da Abolição da Escravatura, 13 de maio, a Umbanda
rende suas homenagens aos Pretos Velhos, uma das linhas principais linhas
espirituais de nossa religião. Mas qual a ligação tão forte que há entre os
negros escravos e os espíritos que se apresentam no terreiro como os vovôs e
vovós da Umbanda?
A História nos conta que, ao
longo de três séculos, milhões de negros africanos foram capturados em suas terras
e trazidos para o Brasil. Muitos deles sequer chegavam ao destino, falecendo
nas precárias masmorras dos navios negreiros. Grande parte dos escravos não
chegava a completar 30 anos de vida. Morriam de doenças, já que os negros não
tinham acesso aos serviços médicos da época; morriam assassinados em perseguições
ou castigos impostos por seus senhores; morriam até mesmo de “banzo”, depressão
causada pela saudade que sentiam da terra natal e tudo que lá deixaram.
A aproximação da figura do
escravo com a Umbanda se deu justamente por ser esta uma religião agregadora,
genuinamente brasileira e síntese da construção de nossa nação: além dos
índigenas, com sua pajelança e os brancos, com seus preceitos cristãos, os cultos
africanos aos seus ancestrais e às forças da natureza, iniciados nas senzalas,
evoluíram e contribuíram para a formação da nossa doutrina.
Os pretos velhos trouxeram
consigo a pregação da humildade, da simplicidade e da serenidade; agregaram experiência
e ensinaram os “zifios” a exercitar a paciência. Atravessaram preconceitos,
como o da primeira incorporação registrada na fundação da Umbanda, em 15 de
novembro de 1908, quando Pai Antônio, entidade de Zélio Fernandino de Moraes,
foi classificado de “espírito atrasado” ao se manifestar em uma sessão
espírita. Antes mesmo disso, toda e qualquer entidade que demonstrasse traços
similares aos de um negro escravo, eram “convidados” a se retirar de tais sessões.
Como destaca o escritor Lourenço
Braga, em artigo de 1942, a condição para o espírito ter luz é ter virtude, ser
simples, bom, carinhoso, humilde, piedoso, e não ter ódio, inveja, orgulho,
ciúme, maldade, vaidade, avareza, etc.
Como Deus é justo, nenhuma “raça”
foi privilegiada com essa condição. Essas são amarras das quais é necessário se
desprender e se “alforriar”, para conhecer a luz dos nossos abençoados Pretos Velhos.
A SEFA realizará a nossa Gira Festiva de Pretos Velhos no dia 22 de Maio, domingo, a partir das 15h, na nossa Matriz situada à Rua Manuel Vitorino, 420 - Piedade - Rio de Janeiro.
Após a Gira será compartilhada a tradicional feijoada de Pretos Velhos.
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