Ainda no finalzinho do mês celebramos mais uma força da Umbanda: com a passagem do dia de São Jerônimo, os nossos irmãos de fé remetem suas homenagens a Xangô.
É São Jerônimo que tem a imagem com um leão ao lado e segurando um livro com uma pena, que seria a Bíblia. Conta a História que São Jerônimo foi o primeiro tradutor da Bíblia do grego antigo e do hebraico para o latim, ajudando na sua proliferação pelo mundo. Por esse motivo, é patrono dos bibliotecários e dos tradutores, também das secretárias. Segundo os registros a respeito de São Jerônimo que tinha um temperamento muito difícil, quase selvagem, e que apenas Jesus conseguia domá-lo. Por isso, passou a parte mais rica de sua vida em Belém, junto ao berço de Cristo. Ele se correspondeu com quase todas as pessoas importantes do seu tempo e encaminhou muitas outras aos ensinamentos de Deus.
A associação de Xangô a São Jerônimo é refletida em alguns pontos cantados de Umbanda, nos quais ouvimos: “pega no seu livro e vai lendo, pega na pena vai escrevendo”, “que mata é essa que o leão não entra” ou “e lá na mata um leão bradou, saravá Iansã, saravá Xangô”.
XANGÔ - O Orixá da Justiça, como é conhecido na Umbanda e no Candomblé, é um dos que mais tem representações dos santos católicos. A ele também estariam associadas as imagens de São Jerônimo (a mais conhecida, que se trata de um ancião com um livro e um leão ao lado), e também de São José. Xangô é a força espiritual que representa a Justiça Divina. Muitas pessoas simpatizantes da Umbanda e de cultos africanos em geral depositam em Xangô a fé para a resolução de problemas de natureza jurídica, situações de humilhação ou de desentendimentos, tudo aquilo fora do alcance humano.
O termo “Xangô” é originário do iorubá “Sàngó” (forma como é escrita pelos irmãos dos cultos mais africanistas), e o seu significado seria “Senhor dos Raios ou das Almas”. Nesses cultos Xangô ainda é personificado como um rei forte e severo que traz em suas mãos dois machados cruzados que cortam para os dois lados, simbolizando imparcialidade nas decisões. Inclusive, benevolência, severidade, rigidez, entre outras qualidades humanas são atribuídas a Xangô. A esse orixá também estão associados elementos como a balança, o machado e os trovões, sendo as montanhas, pedreiras e terrenos rochosos o seu sítio energético natural na Terra. A balança é a Justiça Divina que a força espiritual de Xangô representa. Porém, o seu símbolo principal é o machado de duas faces, significando a Lei Maior de Deus, a causa e o efeito. Quem pede justiça a Xangô pode não ter o resultado desejado, pois o seu campo de atuação vai além da pequena justiça dos homens. Xangô representa o poder equilibrador de Oxalá, inabalável e rígido como uma pedreira.
Dentro do culto da Umbanda, de uma maneira geral, os Orixás não incorporam. Não se incorpora o fogo de Xangô, os ventos de Iansã, as águas doces de Oxum, etc. Logo, o que se vê dentro dos terreiros são o que chamamos de Falangeiros dos Orixás, espíritos de grande força espiritual que trabalham utilizando a energia de um determinado Orixá. À força da irradiação de Xangô estão ligadas outras diversas ordens, que s ã o as falanges do Orixá. Dessa forma, temos: Xangô Aganju, Xangô Agodô, Xangô Kaô, Xangô Alafim, dentre outras falanges com as quais os espíritos se afinizam para atuarem no terreiro sob a irradiação do Orixá. Na Seara Espiritualista Falangeiros da Aruanda (SEFA), a linha de Xangô está representada no ponto da Casa, que traz as sete linhas vibracionais da Umbanda, simbolizado pela estrela amarela. Na Linha de Xangô, São João Batista está associado à irradiação de Xangô Kaô, a qual também está ligada a falange do Povo do Oriente, grandes espíritos curadores e de sabedoria milenar.