“É...
diz que o tempo voa e não tem asas pra voar. E se ele voa é só deixar o tempo
passar...” A letra é de uma curimba dedicada ao Caboclo das Sete Jibóias, mas
retrata bem todos os momentos vividos por aqueles que ajudam uma Casa de
Umbanda a começar a sua caminhada. E não seria diferente com a Seara
Espiritualista Falangeiros da Aruanda (SEFA).
Voltando
no tempo, há exatos nove anos, a SEFA fazia sua primeira reunião com alguns
médiuns (eram onze na época) ao redor de uma singela mesa, estudando os
fundamentos da nossa Escola antes de colocar os trabalhos em prática. Naquele
mesmo 14 de abril de 2007 o Caboclo Sete Estrelas oficializou a fundação da
Seara Espiritualista Falangeiros da Aruanda.
Logo depois,
quando se instalou na sede atual – o imóvel alugado no bairro de Piedade, onde
fica a nossa Matriz – o terreiro ainda não tinha telhado, com as sessões e
giras sendo realizadas a céu aberto. Na primeira Gira de Oxossi, em 2008, um
temporal típico de chuva de verão caiu sobre o terreiro na hora da chegada dos
Caboclos. A gira continua assim mesmo. Uma proteção de plástico foi colocada
sobre o tambor, e os caboclos continuavam girando debaixo da chuva (detalhe que
os charutos continuaram acesos). O esforço dos poucos médiuns da época e a
ajuda de alguns assistentes resultou na obra de instalação do telhado. Aos
poucos, o terreiro ganhava a nossa forma, a nossa “cara”.
O
mesmo ia acontecendo na corrente mediúnica. Antes encarado como um grupo “muito
jovem” tanto no seu tempo de formação quanto na média da faixa etária dos
filhos do terreiro, a SEFA aos poucos foi agregando novos médiuns, tornando-se
um grupo cada vez mais heterogêneo, mais com um ideal comum de praticar a
caridade pela Lei de Umbanda, seguindo os ensinamentos da Escola de Caboclo
Mirim, aqui trazidos pelo Caboclo Sete Estrelas. Novos irmãos
iniciaram em nossa corrente e outros chegaram como voluntários; crescemos
fisicamente e amadurecemos enquanto grupo e enquanto pessoas. Houve aqueles
médiuns que apenas passaram pelo Corpo Mediúnico, mas deixaram aqui a sua
contribuição e levam a SEFA como parte da sua história. E há muitos que
entraram para a Umbanda pelas portas do nosso terreiro. Chegaram aqui como
voluntários, foram aprendendo, adquirindo responsabilidades. Hoje vejo médiuns
que começaram a se desenvolver aqui e agora são médiuns de Terreiro, Subchefes,
Chefes de Terreiro... isso nos dá muita alegria pois reafirma o verdadeiro
sentido da nossa Escola de Umbanda.
Aliás,
eu tenho que agradecer a todos os meus médiuns, porque me ajudaram a ser um
Comandante Chefe de Terreiro e uma pessoa melhor. Agradeço pela consideração,
pelo respeito, pela lealdade, pela compreensão nas minhas falhas, pela ajuda dos irmãos de corrente em cada
um dos meus momentos na SEFA, dos mais alegres aos mais tristes, abrindo mão
até mesmo de um domingo junto a seus familiares ou do descanso de suas férias
para estarem no terreiro, praticando a caridade, estudando, participando de
mutirões, pintando uma parede ou consertando um telhado.
O
resultado desse amadurecimento do grupo se reverte no crescimento da Casa e dos
trabalhos espirituais. Em 2014, após as comemorações dos sete anos da SEFA,
abrimos uma filial no bairro de Sampaio, num terreiro que estava fechado há
mais de 20 anos. Foi uma forma de voltar a atender uma comunidade que estava
carente dos trabalhos de Umbanda, e de levar os ensinamentos da nossa Escola a
pessoas que não conseguiam chegar à nossa Matriz em Piedade. No ano passado realizamos nossa
primeira consagração de CCT dentro da SEFA, do médium Paulo Henrique Brazão, Morubixaba
da filial de Sampaio. O reconhecimento pela sua dedicação ao terreiro durante
todos esses anos emocionou a todos que presenciaram o ritual de
consagração de 7º grau.
Temos um
trabalho social também que está se concretizando cada vez mais, porque novos
irmãos vêm somar nessa corrente. Começamos ajudando a Creche da Tia Edith, na
comunidade da Caixa d’Água, em Piedade. Hoje, além dela, ajudamos também outras
duas instituições, e mais dez famílias das comunidades de Piedade e Sampaio. E
realizamos eventos para as crianças do entorno da filial, com o intuito de
levar mais carinho e alegria para elas.
Está na letra do
Hino da SEFA: “Nós vamos caminhar de mãos unidas nessa Seara Espiritualista”. E
assim tem sido durante esses nove anos. Quem chega
à SEFA hoje, se depara com um terreiro com muitas etapas vencidas, mas
ainda com muitos outros desafios pela frente, porque isso faz parte do nosso
ciclo da vida e da nossa missão na Terra.
E
como não podia deixar de agradecer pelas grandes amizades formadas ao longo de
nossa trajetória. Irmãos que sempre farão parte da história da SEFA, e
terreiros que esperamos ter sempre conosco, comemorando e celebrando mais um
aniversário.
Para
terminar, agradeço ao Caboclo Sete Estrelas por entregar tão nobre missão a
esse servo de Deus, Oxalá, nosso Pai Maior, e fiel seguidor da Escola de
Caboclo Mirim. Sei que na caminhada de um dirigente há muitos tropeços. Mas a
força que o senhor me dá sempre me coloca de pé para seguir adiante, e que os
tropeços do caminho me sirvam de aprendizado para chegar aonde o senhor quiser
me levar. Obrigado, mestre! Obrigado, médiuns! Obrigado, Umbanda!
CCT
Cristiano Queiroz
Tupixaba
da Seara Espiritualista Falangeiros da Aruanda - SEFA
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